O P I N I Ã O

                              Cuidado com a superficialidade
UNIVERSAL, a linguagem musical é referencial básico para todas as ocasiões. Num nascimento ou num enterro a música está presente. Segmentado e controverso em muitos aspectos (embora gosto não deva ser discutido), há espaço para todo tipo de música no mundo. Todo mundo consome mais de um tipo de estilo musical e referenciais universais são utilizados em todos os segmentos – inclusive na música evangélica, como elemento harmônico, melódico ou de estilo. No específico caso da música evangélica, hoje sempre referenciada em inglês ‘gospel’, cujo estilo saltou do orquestral há muito esquecido ao tecno e metal de hoje passando por quase todas as variantes, temos um turbilhão de novas experimentações e de comportamentos dos levitas que tem deixado muitos pastores sem saber o que fazer. Em muitos casos a música em certas igrejas passa quase alheia ou independente do que ser quer no culto, ou seja, alheia a um comportamento real com o que ela significa. Vemos um levita pouco instruído, muitas vezes empolgado, mas pouco inspirado, conformado com o trivial, sem originalidade (meros imitadores ou copiadores de estilo), descomprometidos com ensaios, etc. Mas não só estes; escapa às mãos dos líderes as rédeas que controlam a carruagem e o que acontece é que se um levita se contraria por este ou aquele motivo procura logo outro ‘palco’ para cantar ou tocar. Antes havia um mínimo de cuidado, hoje parece a música do corpo como se o êxtase corporal fizesse a conexão com o espiritual. Admito que esteticamente seja muito legal, mas até que ponto isso é relevante? Acredito no poder da música atraente, dançante, inspirativa, romântica, introspectiva... Mas não se pode admitir a frase de Oscar Wild que disse ‘dê-me o supérfluo que abro mão do essencial’. Há muitas fórmulas para se poder controlar a velocidade com que a coisa vai. Ouço muitos estilos, gosto da originalidade, tenho minhas predileções como todos têm, mas é preciso filtrar bem o que se ouve e mais ainda se comprometer com o Deus a quem o louvor deve ser dirigido.
Os muitos recursos tecnológicos, muito bem vindos, hoje fundamentais, facilitam muito e trazem maior qualidade ao resultado final. Não é preciso ser tão afinado ou ter a voz do Elvis para fazer sucesso. Aliás, este é um aspecto complicado do caso, pois um dito músico não precisa aprender os fundamentos do instrumento que se propõe a tocar porque basta aprender, ou melhor, decorar algumas posições no instrumento para achar-se o tal. Isso diminui sensivelmente a relação dele com a música expressando muito mais som do que louvor, muito mais canto do que canção, muito mais show do que adoração. Embora pareça um julgamento sumário já que não se pode saber o que se passa no coração de cada um, dentro de uma ótica prática onde o que se vê é o reflexo do que se sente, percebemos dificuldades em ter pessoas comprometidas com o serviço do Senhor a ponto de descansar nele, sem se precipitar a aparecer, fazendo a obra sem ansiedade quanto ao dispensado ao ensaio, ou seja, o comprometimento em primeiro lugar é a base para o aprimoramento. É certo que Deus irá recompensar o bom trabalho do seu filho, no tempo por ele estabelecido. Se o músico local observar do ponto de vista do prazer em tocar ou cantar ou compor, tudo fluirá de forma satisfatória para todos. A igreja deve dar subsídios necessários ao músico para que este possa ter um desenvolvimento satisfatório em suas apresentações, uma consciência cristã, um objetivo com o seu trabalho enquanto músico, isto é, ele deve saber o que quer, o que pode, o que deve e como deve fazer o seu trabalho.
Tocar e cantar são dons, ou seja, é algo caracterizado pela essência de Deus. Nem todo mundo, por mais interessado que possa ser pode desenvolver o talento musical a certos níveis de excelência. Não se acha talentos nesta área principalmente nas igrejas a qualquer hora. Por isso é necessário que a liderança da igreja esteja atenta à evolução, ao comprometimento, à motivação, ao desenvolvimento técnico e ao apoio a este músico para que se possa obter o máximo dele durante as programações. 

Do livro 'Músico de Deus' de Joel Santos 

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