MERCADO FONOGRÁFIO GOSPEL



Artigo Música Gospel com novos ares
O ano de 2010 tem tudo para ficar marcado na história da música gospel nacional como o momento de profundas mudanças. Com a entrada de gravadoras multinacionais neste mercado, a tendência é de que grandes alterações sejam percebidas em diferentes níveis deste segmento.
 Mas quem imagina que esta aproximação entre as gravadoras seculares e o mercado gospel seja fato recente engana-se redondamente. Já nos idos dos anos 1950, a gravadora CBS, uma das gigantes do setor fonográfico no Brasil, contava em seu catálogo com LPs de artistas como Luiz de Carvalho, um dos ícones da música gospel à época. É certo que esta aproximação esfriou-se intensamente nas décadas seguintes, sendo novamente aquecida apenas 30 ou 40 anos depois.
Bandas como Rebanhão e Catedral, e cantores como Shirley Carvalhaes e Álvaro Tito, entre outros, tiveram passagens por gravadoras seculares, mas por diferentes motivos estes projetos não conseguiram o retorno esperado pelas companhias e os trabalhos com música gospel foram sendo postos de lado ao longo do tempo.
Na segunda metade da década de 90, houve o grande boom do mercado fonográfico gospel, quando despontaram gravadoras especializadas como MK Publicitá, Line Records, Koinonia e a paulistana Gospel Records. Na sequência, começaram a surgir as gravadoras ou selos vinculados aos ministérios de louvor, entre os quais se destacou o Diante do Trono, grupo musical de Belo Horizonte (MG) que arrebanhou milhões de pessoas em seus eventos e vendeu outros milhões de cópias de CDs.
Com a chegada da pirataria física, o mercado fonográfico secular acusou o golpe e a retração no mercado atingiu mais de 50% das vendas, inclusive alterando de 100 mil para 50 mil cópias vendidas a premiação de Disco de Ouro no Brasil. Mesmo com a ação da pirataria atingindo violentamente o mercado fonográfico, as gravadoras evangélicas mantiveram o bom pique de vendas e continuaram fortalecidas.
Como se já não bastasse o problema da pirataria física, o mercado fonográfico passou em seguida a ter que lidar com a pirataria virtual, resultado do advento da internet, das mudanças tecnológicas, downloads, entre outros motivos. Neste momento o mercado gospel já não vivia a pujança de tempos atrás, mas ainda assim mantém números de vendas bem mais animadores do que no mercado secular.
Primeiramente a Som Livre passou a distribuir artistas evangélicos como Diante do Trono, Lázaro e Mattos Nascimento. Depois a Sony Music anunciou a entrada no mercado com a implantação de uma divisão de música gospel. Há indicações de outras gravadoras seculares também se mobilizando para entrar no mercado gospel.
Todas estas iniciativas devem ser encaradas de forma positiva pelo público, pois a entrada destas empresas certamente trará um upgrade no profissionalismo do segmento, na qualidade das produções e mesmo na divulgação dos projetos e artistas do meio gospel. Se encararmos a música gospel como uma importante ferramenta de evangelização, esta oportunidade que está abrindo neste momento certamente irá ampliar em muito o alcance da mensagem de Deus através das canções. Não tenho a menor dúvida de que a partir de agora, milhões de pessoas que desconheciam a riqueza e a beleza da música gospel nacional serão apresentadas aos artistas, mensagem, arranjos e letras deste novo segmento musical.
Tudo que é novo, diferente, inusitado, traz para nós uma certa desconfiança e é justamente este sentimento que as gravadoras multinacionais e majors precisam saber lidar e desanuviar das mentes do povo evangélico no País.
Vamos em frente e boa música gospel para todos!
Mauricio Soares, publicitário, consultor de marketing, colunista de alguns veículos de mídia e palestrante. Atuou em algumas das principais gravadoras do mercado fonográfico gospel no país como MK Publicitá, Line Records e Graça Music. Atualmente é o diretor executivo da divisão de música gospel na Sony Music, responsável pela implantação do projeto de música gospel na maior gravadora do país.

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